O 'VAGABUNDO'

Conheço um vagabundo de olhos perdidos, e sei que ele não teme a vida, a morte ou os perigos.
Em suas mãos côncavas de pão,

não sente a esmola e seu braço estendido tem o abrir do perdão.
Não sei por onde anda, com sua veste longa e branca, mas por onde  passa há algo que se despedaça, sem sentir a ameaça de sua voz pura e franca.
Quando regressa traz um suave vagar que cheira a semente e a lírio a desabrochar.

É dele o verde do campo, a voz do mar, a brisa do vento na seara a mondar.
Há nele o sol morno, a quietude de uma virtude que não ouso explicar...
Só vejo que a tempestade se amansa, e até a serpente descansa quando o sentem chegar...
Ele traz consigo o livro mais antigo, o selo mais sagrado, e junto ao peito traz a cruz do homem torturado.
Se o encontrares não temas seus passos, nem rompas seus laços,

O vagabundo é um Amigo.


   
                                    (Poema de Ana P. Pinto)

 

 

              O mundo não é de quem o domina... mas de quem o ama!

 

                                                                 

 

 

 

 Alvorecer