BUDA e ICTUS
Num tempo em que se começa a compreender cada vez
melhor o "antagonismo religioso" complementar entre o Ocidente e o Oriente, nas
duas grandes doutrinas mais maravilhosas que se conhecem inspiradas por dois
grandes Mestres Iluminados que se cruzaram em épocas diferentes (um no Sul da
Ásia e outro na antiga Palestina), foram eles Buda e “Ictus” (Peixe
em grego, que quer dizer Iesus Christus Theos Uios Sôter -
Jesus
Cristo Filho de Deus Salvador), as duas figuras mais marcantes de todos os
tempos em matéria de Espiritualidade na História da Humanidade.
Carrin Dunne, diz mesmo o seguinte: “de um ponto de vista cristão, vejo
Buda como um precursor que prepara os caminhos do Senhor; de um ponto de vista
budista vejo Jesus como o verdadeiro sucessor de Buda”. No entanto,
o Espírito de Cristo ou Logos Solar (A Luz do Mundo), em sua radiosa manifestação, é sempre o
mesmo que
ilumina as consciências dos homens que buscam o conhecimento da Verdade e sentem Deus
no seu coração.
Mas para se compreender melhor esta questão, recuemos ao Passado e
analisemos um pouco a história de Sidharta Gautama (o Buda) comparada com a de
Jesus de Nazaré (o Cristo):
Buda foi um grande sábio da India que viveu entre os anos
560 e 480 a.C.. O seu nascimento deu-se em Lumbini, na região de
Kapilavastu, e, segundo se conta na tradição, a sua mãe (chamada Maya)
teve um sonho onde teria sido avisada de que iria ter um filho notável que se
tornaria um grande Iluminado. Curiosamente, Maria (mãe de Jesus) e Isabel
sua prima (mãe de João Baptista), tiveram o mesmo tipo de avisos oníricos...
O menino Buda quando nasceu recebeu o nome de Sidharta, e, mal o
puseram no chão, começou logo a andar, dando 7 passos nas quatro direcções,
surgindo uma flôr de lótus em cada pegada, segundo a lenda. O seu corpo
estava marcado por 32 sinais que deviam anunciar um grande Mestre Universal.
A sua mãe morreu pouco tempo depois do jovem Príncipe ter nascido, e por isso
ele passou a ser educado por sua tia Mahaprajajati (irmã da falecida) e outra
espôsa do seu pai. Buda era filho de Suddhona, Rajá de um principado nos
confins dos Himalaias, e viveu sempre no conforto do Palácio, na alegria e na
prosperidade plena, afastado de todo o sofrimento humano, desconhecendo pois a
pobreza e a miséria do seu povo. Cresceu rodeado de ‘mil-cuidados’ e
era muito inteligente, dotado também de uma força sobrenatural. Casou
cedo com sua prima Iashodara, tendo um filho chamado Rahula.
Um dia, desafiando a proibição de seu pai de sair do Palácio,
Siddharta saiu para conhecer de perto o seu povo e encontrou logo pelo caminho
um pobre velho, mendigando esmola, a pedir-lhe ajuda. Aí conheceu pela 1ª
vez a miséria humana á sua frente. No dia seguinte, voltou a sair e
encontrou uma pessoa doente á beira do caminho, abandonada, sofrendo muito.
Soube então que a dor dos outros poderia ser a sua e residia ali mesmo ao seu
próprio lado. Na terceira saída viu um funeral, cujo corpo ia ser
exumado e conheceu nesse dia o significado da morte...
Finalmente, pela 4ª vez, ao sair do Palácio cruzou-se com um asceta mendigando alimento. Este mostrou-lhe a vaidade dos homens e falou do caminho da renúncia, tendo levado o jovem príncipe a compreender melhor a futilidade das suas riquezas materiais e confortos temporais duma vida faustosa que um dia acabaria. Siddharta caiu assim em profundo desgosto e resolveu começar uma vida nova, refugiando-se numa floresta para onde foi meditar. (Curiosamente Jesus fez o mesmo indo para o deserto)
O jovem príncipe despojou-se então completamente das suas jóias,
entregando-as ao seu escudeiro, e começou a praticar o mais rigoroso
ascetismo para encontrar a Sabedoria ou Iluminação. Emagreceu de tal
forma que nem parecia o mesmo, pois o respeito pela vida de todos os seres
induzia-o na obrigação moral e espiritual de fazer uma alimentação frugal,
vegetariana, nada tendo a ver com aquela imagem do homem gordo e anafado que os
ocidentais conhecem em várias estatuetas de pedra ou madeira representando o
‘Buba’. Essas, aliás, têm mais a ver com a representação de “Chenrasi”,
o deus tailandês da Boa Sorte...
Buda foi tentado várias vezes pelo demónio ‘Mara’ (Jesus foi-o pelo
Diabo), resistiu e conseguiu encontrar um dia a verdade profunda da cadeia das
causalidades, debaixo duma figueira chamada “Árvore de
Bodhi", onde
estava sentado em transcendente Meditação. Teve aí a verdadeira
compreensão dos Mistérios da Vida e começou a pregar no Parque das Gazelas,
em Benares, na India. Fez imensas conversões á sua doutrina, inclusive a
própria mulher e o filho. Viveu até aos 80 anos de idade e morreu em paz
rodeado de alguns monges, dos quais se destacavam dois discípulos preferidos
que eram Ananda e Kashyapa.
O Budismo surgiu após a morte terrena do grande líder espiritual que
deixou o Conhecimento baseado em 3 princípios fundamentais que é: o Vinaya
(disciplina monástica), o Dharma (prática de vida
correcta que liberta dos efeitos negativos do Karma), e o Abhidarma
(doutrina ampliada dos 7 livros sagrados da Sabedoria da India). O
“Nirvana” é um estado da alma perfeita que se atinge pela prática da
Meditação Suprema e pela libertação dos instintos inferiores ou desêjos e
ilusões do Mundo. A óctupla vereda de Buda, ou os “8 caminhos” é uma forma de praticar as virtudes necessárias para superar as limitações do ego e fazer surgir o Eu verdadeiro, tal como os Evangelhos de Cristo ensinam o verdadeiro Caminho da Vida e da Ressurreição. Curiosamente o nº 8 é também o simbolo de Jesus Ressuscitado, segundo a Sabedoria da Tradição...
Pausa para reflexão!
Rui Palmela
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